Seguindo a tradição, a brincadeira de Boi de Rua iniciou no reduto do Caprichoso e seguiu até o Bumbódromo
O Boi de Rua, festejo tradicional que reúne a torcida azulada do Caprichoso em peso, aconteceu no final da tarde de sábado (22/06) se estendendo noite adentro. Moradores da rua Sá Peixoto, local de concentração da galera Azul e Braco, marcaram o território com bandeiras e enfeites que remetem à história do Touro Negro, dando continuidade a uma tradição que iniciou nos anos 80.
A celebração antecede a disputa dos bumbás na arena do Bumbódromo, nos dias 28, 29 e 30 de junho do 57º Festival de Parintins, a maior manifestação cultural do país, promovida pelo Governo do Amazonas.
Como um legítimo parintinense do elenco azulado, o tripa do Caprichoso, Alexandre Azevedo, lembra que a brincadeira de boi de rua é um resgate da infância. “O Boi Caprichoso começou fazendo só esse percurso na rua, depois se transformou nessa magnitude que tem. O Caprichoso preserva a tradição e todo ano sai e passa na frente da casa dos seus torcedores, que não podem ir até o curral.”, disse Azevedo.
Ainda na concentração, o Boi Caprichoso visitou a casa dos torcedores que acompanharam o nascimento da agremiação, como o primeiro presidente do Azul e Branco, Acinelcio Vieira, 83, e Julia Portilho, 93, mãe de J. Carlos Portilho, um dos compositores mais importantes do Caprichoso, falecido em 2021.
Enfeitar a casa para receber o Boi de Rua, é tradição para muitos moradores. Katia Oliveira, 53, faz parte deste grupo que, todos os anos, assume a mesma missão. “Vamos enfeitar a rua, a gente chama os vizinhos, a gente se reúne, a gente corre atrás de patrocinador pra gente fazer as bandeirinhas, pra gente publicar aqui na rua”, disse.
Mônica Lobato, 40, nasceu no bairro da Francesa e mora na Sá Ferreira há dois anos, tempo que aderiu à tradição para receber o Boi de Rua. No muro da casa, o ano de 1913, data de origem do Caprichoso. “Essa semana foi assim, a nossa rua toda se movimentou, os nossos vizinhos, amigos. Às vezes chegava até meia-noite, mas hoje o cansaço parou e hoje vamos brincar e amanhecer. Hoje não tem hora para acabar”, anunciou Mônica.
A nova geração da torcida azulada também se fez presente. Guilia Viana, 20, declara que o seu amor pelo boi é de família, uma herança que pretende deixar para a filha Alice, de dois anos.
“Desde pequena, minha família toda é Caprichoso e hoje é o primeiro Boi de Rua da minha filha. Para mim é gratificante porque eu sou apaixonada pelo meu Touro Negro, espero que ela também, quando crescer futuramente, seja louca por ele”, falou Guilia, ao lado da irmã Fernanda, também torcedora declarada do Touro Negro.
Toadeiros e torcedores seguiram a Sá Peixoto até a avenida Amazonas, de onde saiu o trio com elenco bovino do boi da Francesa, itens oficiais e a multidão no chão, ao som das toadas embaladas pela Marujada de Guerra. O percurso seguiu pelas ruas, encerrando no Bumbódromo de Parintins, palco das próximas apresentações do bumbá.
Fotos: Marcely Gomes (Secretaria de Cultura e Economia Criativa)